Quebec gerencia mal sua imigração?


Vejam a reportagem que li antes de ontem:

O Auditor Geral do Quebec, Renaud Lachance, entregou há alguns dias seu Relatório 2010-2011. Ele se debruçou sobre vários aspectos, incluindo a seleção de imigrantes trabalhadores qualificados feita desde janeiro/2006 a fevereiro/2009.

De acordo com o Auditor, mesmo recebendo até 55 mil imigrantes por ano, o governo do Quebec calcula mal sua capacidade de acolher e integrar os milhares de recém-chegados ao mercado de trabalho.

Pior ainda, ele acredita que um em cada dois registros de imigração é mal avaliado pelos funcionários da Imigração, mais precisamente em 48% dos casos.

A consequência disso, segundo Lachance, é que o "critério de seleção de trabalhadores qualificados" utilizado no Quebec é de uma "eficácia limitada" para assegurar a sintonia com as necessidades do mercado de trabalho.

Entre os fatos expostos pelo Auditor, nota-se que apenas 9% dos candidatos selecionados apresentam um perfil que atende às exigências nas áreas de formação pretendida pelo Quebec.

O Auditor destaca questões sobre os problemas de integração no emprego e a desqualificação vivida pelos imigrantes selecionados pela Imigração.

Por exemplo, em 2009, a taxa de desemprego entre os imigrantes no Quebec foi de 13,7% em comparação com 7,6% para a população nativa, e de 10,7% entre os imigrantes em Ontário. Ainda mais significativa é a taxa de empregabilidade para recém-chegados com formação universitária: 75,7%, ante 93% no resto da população com um currículo similar.

De acordo com o Auditor, o MICC "não usa os indicadores socioeconômicos para identificar a real capacidade do Quebec. Um indicador que poderia ser o nível de integração no emprego desses imigrantes qualificados".

Nos critérios de análise em que o Quebec se pauta para selecionar seus imigrantes, Renaud Lachance notou a presença de elementos subjetivos.

"É necessário compreender que 40% dos casos foram admitidos pelo fator "adaptabilidade".

Segundo ele, é necessário ter balizas mensuráveis, como é o caso dos critérios da seleção federal.


(Tradução livre de Mariana Estevam, do texto original em francês "Québec gère mal son immigration", de Laurence Nadeau - le 19/5/2010)

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Em Francês:

Québec gère mal son immigration

par Laurence Nadeau
le 19/5/2010


Le Vérificateur général du Québec, Renaud Lachance, a remis ces derniers jours son rapport 2010-2011. Il s’est penché sur divers aspects dont la sélection des immigrants travailleurs qualifiés effectuée de janvier 2006 à février 2009. Selon le vérificateur, même si le Québec reçoit jusqu'à 55 000 immigrants par année, le gouvernement québécois mesure mal sa capacité à accueillir et à intégrer ces milliers de nouveaux arrivants au marché de l'emploi. Pis encore, il considère qu’un dossier d'immigration sur deux est mal évalué par les fonctionnaires de l’immigration, plus exactement dans 48 % des cas.

En effet, selon M. Lachance la «grille de sélection des travailleurs qualifiés» utilisée au Québec est d'une «efficacité limitée» pour assurer un arrimage avec les besoins du marché du travail. Parmi les faits énoncés par le vérificateur, on note que seulement 9% des candidats sélectionnés présentaient un profil répondant aux exigences dans les domaines de formation privilégiés par le Québec.

Le vérificateur soulève des questionnements sur les problèmes d'intégration en emploi et de déqualification qu'éprouvent les personnes immigrantes sélectionnées par le ministère. Par exemple, en 2009, le taux de chômage des immigrants du Québec s'élevait à 13,7% comparativement à 7,6% cent pour la population native et à 10,7% pour les immigrants de l'Ontario. Encore plus significatif, le taux d'emploi des nouveaux arrivants ayant fait des études universitaires était de 75,7 %, contre 93 % dans le reste de la population ayant suivi un cursus scolaire comparable.

Selon le Vérificateur, le MICC «n'utilise pas d'indicateurs socioéconomiques pour cerner la capacité réelle du Québec. Un indicateur, ça pourrait être le taux d'intégration à l'emploi de ces immigrants travailleurs qualifiés».

Dans la grille d'analyse qui permet au Québec de sélectionner ses immigrants, Renaud Lachance note la présence d'éléments subjectifs. «Il faut comprendre que 40 % des dossiers ont été admis avec le facteur «adaptabilité»». Selon lui, il est nécessaire d'avoir des balises mesurables comme c’est le cas dans la grille canadienne de sélection.

Sources : lejournaldequebec | cyberpresse.ca |


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Na verdade eu tenho até uma teoria sobre este assunto, (já devo ter comentado em algum post anterior), pra mim não é um erro e sim de propósito. O Quebec seleciona pessoas muito bem qualificadas e prontas para entrar no mercado de trabalho nas áreas que eles estão precisando, e sim, seleciona pessoas não tão qualificadas assim para cobrir aquelas vagas que tanto ouvimos falar que são tão necessitadas, padeiro, motorista de caminhão, eletricista, etc... Ou seja, e por favor coloquem amor nas minhas palavras, geralmente o brasileiro é batalhador e não precisa fazer curso pra exercer estas profissões, aprende fazendo e ralando, aqui é diferente, é preciso fazer curso técnico, então o brasileiro não tão qualificado, precisa fazer curso para se qualificar. Mas muitos não se entregam assim, preferem se qualificar ainda mais nas áreas que tinham no Brasil, mesmo que isso gaste tempo.

Ouvi dizer que o Brasil agora é o segundo país que mais imigra pro Quebec, e o primeiro em imigrantes que mais retornam, eu não acredito, gostaria de ver esta estatística oficial, pois são poucos que ouvi dizer que estavam voltando e os motivos são, digamos, previsíveis, como por exemplo, falta de planejamento.

Abraço

Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. Mateus 24:13

Comentários

P disse…
não duvidaria disso. eles ficam muito preocupados em catar imigrantes e tapar seu buraco de crescimento e, pior: talvez até queiram disputar com o resto da nação.
vamos ver o feedback que terei sobre minha história aqui. espero estar fora da faixa vermelha!!
Unknown disse…
Oi Wellington,

acabei de dar entrada na minha DCQ. Seu blog é muito bom, pois passa informações importantes e reais do que acontece aí, "abrindo" a mente daqueles q acham q o Canadá é o paraíso na terra.
Estou de acordo totalmente com vc sobre este post. Pensando assim, que curso técnico/tecnólogo (área em demanda), por exemplo, vc acha q poderia ser aproveitado aí? Seria interessante fazer este curso aqui ou deixar p/ fazer aí?
Desde já agradeço,
Fábio Pina
Wellington Gomes disse…
Fábio, deixei a resposta aqui pois não consegui seu contato....

Se tiver condições de se manter aqui pra fazer o curso aqui é bem melhor, pois vc terá um diploma daqui o que vai abrir mais portas...

abraço
PS: obrigado pela visita

Wellington
Unknown disse…
Obrigado Wellington,realmente andei pensando em trabalhar a noite e de repente fazer um curso técnico de dia, ou vice-versa. Infelizmente terei q sustentar a família e terei dinheiro apenas p/ uns 10 meses sem trabalhar. Acho q a maioria dos cursos aí são de no mínimo 18 meses. Estou certo?
Desde já agradeço.
Wellington Gomes disse…
Sim, mas dependendo do curso vc pode pegar a bolsa que te sustenta com uns 1000 por mês + a faculdade e depois vc só devolve as mensalidades da faculdade (a bolsa não) em suaves prestações
Unknown disse…
Dica muito interessante! Muito obrigado Wellington!
Muita saúde e paz p/ sua família.
JEF disse…
O que mais me deixa chateado é ver que muitos dos agentes aqui nem sabem que existe essa imigração de trabalhadores qualificados. Para eles somos apenas mais um imigrantes, e muitas vezes confundido com os refugiados daqui.
Deveriamos ter alguns privilégios, pois pagamos caro e investimos tempo e estudo nesse processo. Se eles usarem de mais rigor no processo para escolha de trabalhador qualificado, serão ainda mais injustos. Deveriam ou facilitar, ou então gerir melhor uma vez que estamos AQUI.

Grande abraço
JEF disse…
O que mais me deixa chateado é ver que muitos dos agentes aqui nem sabem que existe essa imigração de trabalhadores qualificados. Para eles somos apenas mais um imigrantes, e muitas vezes confundido com os refugiados daqui.
Deveriamos ter alguns privilégios, pois pagamos caro e investimos tempo e estudo nesse processo. Se eles usarem de mais rigor no processo para escolha de trabalhador qualificado, serão ainda mais injustos. Deveriam ou facilitar, ou então gerir melhor uma vez que estamos AQUI.

Grande abraço

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